quinta-feira, 30 de abril de 2015

Opinião | A Todos os Rapazes que Amei, de Jenny Han


Titulo Original: To All the Boys I've Loved Before
Ano: 2014
Editor(a):  Topseller
Páginas: 272

1.ª Edição - Novembro 2014


 Resumo da contra-capa:

 «Guardo as minhas cartas numa caixa de chapéu verde-azulada que a minha mãe me trouxe de uma loja de antiguidades da Baixa. Não são cartas de amor que alguém me enviou. Não tenho dessas. São cartas que eu escrevi. Há uma por cada rapaz que amei — cinco, ao todo.

Quando escrevo, não escondo nada. Escrevo como se ele nunca a fosse ler. Porque na verdade não vai. Exponho nessa carta todos os meus pensamentos secretos, todas as observações cautelosas, tudo o que guardei dentro de mim. Quando acabo de a escrever, fecho-a, endereço-a e depois guardo-a na minha caixa de chapéu verde-azulada.

Não são cartas de amor no sentido estrito da palavra. As minhas cartas são para quando já não quero estar apaixonada. São para despedidas. Porque, depois de escrever a minha carta, já não sou consumida por esse amor devorador. Se o amor é como uma possessão, talvez as minhas cartas sejam o meu exorcismo. As minhas cartas libertam-me. Ou pelo menos era para isso que deveriam servir.»


 Mini-biografia da autora (aba esquerda):

 Jenny Han nasceu e cresceu na costa leste dos Estados Unidos da América. Estudou na Universidade da Carolina do Norte e fez um mestrado em Escrita para Crianças em Nova Iorque, onde mora atualmente.

 Se pudesse escolher um emprego, Jenny Han gostaria de ser ajudante do Pai Natal, provadora de gelados ou a melhor amiga da Oprah, entre outras coisas perfeitamente vulgares. Tem uma predileção por meias até ao joelho e come qualquer sobremesa, desde que seja de maracujá.

É autora da trilogia The Summer I Turned Pretty, bestseller do New York Times. O seu mais recente êxito, A Todos os Rapazes que Amei, encontra-se em vias de ser adaptado ao cinema. A sua continuação, P. S. Ainda Te Amo, que está prevista para novembro de 2015, será publicada também pela Topseller.


 Opinião

 A Todos os Rapazes que Amei é daqueles livros que não leria em circunstâncias normais. Não sou fã de dramas adolescentes (isto dito por uma adolescente com um blogue literário com os seus próprios dramas adolescentes) e este livro parecia-me repleto de todos os elementos de que não gosto. Já para não falar do título! Mas, diga-se de passagem, aquela capa era muito bonita! No entanto, não foi isso que me levou a comprá-lo - meio por impulso, meio por decisão ponderada; uma mistura das duas, aliás -, mas sim as opiniões positivas que lia sobre ele, parte delas escritas por bloggers com quem partilho de opiniões e gostos semelhantes. E assim nasceram as expectativas. De imediato, e muito inesperadamente, mudou a maneira como via este livro: de extramamente previsível e dramático a doce e surpreendente. E aquele que parecia ser um completo cliché passou a ser a original e bonita história de uma adolescente bastante diferentes de todas as outras.

 E foi com esta ideia que comecei a ler A Todos os Rapazes que Amei. Comecei com esta ilusão que as primeiras páginas confirmavam. Todavia, a ilusão da tardou a, lentamente, começar a desaparecer e, durante algum tempo, até aproveitei uns bocados dela, até acabar este livro e poder finalmente, por meio desta opinião, organizar as minhas ideias.

 E, antes de o fazer, fala-vos um pouquinho sobre a história:

 Lara Jean é uma adolescente de 16 anos que vive com o seu pai e irmãs. Cedo perdeu a mãe, tornando-se bastante chegada à família, mas sobretudo à irmã mais velha, Margot, objeto da sua admiração. Antes de falecer, a mãe ofereceu-lhe uma caixa de chapéu verde-azulada e é nela que guarda as suas cartas de amor, que escreveu aos rapazes que já amou e quando já não queria estar apaixonada por eles, expondo todos os seus sentimentos e desabafando todas as suas mágoas. Nunca as enviou. Cinco cartas, ao todo, estão guardadas naquela caixa, para nunca verem a luz do dia. Até um dia...
 Até que um dia algo acontece, algo intimamente relacionado com as suas cartas e a sua preciosa caixa, levando a uma série de imprevisíveis acontecimentos. E é à volta desses acontecimentos que gira este livro.

 Uma das razões principais que me levou finalmente a iniciar a leitura desta obra foram os capítulos curtinhos. Todos eles com um reduzido número de páginas e que, portanto, tornavam esta obra ideal para se ler em tempo de aulas. A escrita de Jenny Han é simples - demasiado simples, atrevo-me a dizer - e penso que poderia ter lido este livro em inglês com bastante facilidade. Esperava um estilo de escrita adorável e fofinho, frase bonitas, originais e profundas que me fariam encher o livro todo de post-its cor-de-rosa. Esperava derreter-me com a doçura das palavras de Jenny Han (até porque «doce» é a primeira palavra que me vem à cabeça quando vejo fotografias da autora - que fofura!). Acontece que o ponto mais positivo dessa escrita é mesmo a sua simplicidade, que torna a leitura leve e com pouca carga emocional. São as poucas palavras que Jenny utiliza para descrever os acontecimentos que tornam os capítulos curtos e que, consequentemente, fizeram com que, por vezes, tudo soubesse a pouco. Existem aqueles capítulos rápidos, que, por não falarem de muita coisa em especial, eram agradáveis e ótimos para depois pousar o livro na minha mesinha de cabeceira, deitar a cabeça na almofada e adormecer sem muitos pensamentos a pesarem a mente. E outros que me sabiam a tão pouco. Outros que eram suposto serem repletos de emoções fortes, mas que não me faziam sentir nada. Capítulos em que eu só pensava - oh, quanta emoção poderia ser empregada nestas páginas! Como poderia Jenny Han ter atribuído mais magia aos momentos supostamente mágicos. Capítulos como os dos beijos inesperados, das confissões inesperadas, dos encontros inesperados, que não tinham qualquer sabor. É verdade que, por serem tão breves e devido à escrita pouco complexa, é fácil desfolhar páginas e páginas sem termos a perceção do tempo a passar - li capítulo atrás de capítulo sem ter a noção das páginas que avançava -, porém, não o fazia porque me encontrava totalmente cativada, mas sim porque estava curiosa para saber o que vinha a seguir, ainda com expectativas de que algo mais entusiasmante acontecesse.

 Não sabia bem o que esperar da premissa da história. Não tinha bem a noção o que ia encontrar, e o facto da sinopse da edição portuguesa esconder muito mais do que a sinopse original, fez com que me fossem reservadas algumas surpresas. A maior de todas não foi assim tão positiva. É realmente irónico: com um título destes, não esperava encontrar uma narrativa repleta de clichés, contudo, foi isso mesmo o que encontrei. Clichés das típicas histórias adolescentes sobre a rapariga tímida e adorável e os populares do seu círculo e que tanto se repetem nos filmes norte-americanos. Clichés que eram suposto serem surpresas, mas que de surpresas não tinham nada, por já terem sido usados em demasia e já estarem tão gastos que se tornaram clichés. Foi realmente desapontante encontrá-los neste livro. Foi devido a eles que as expectativas foram diminuindo gradualmente, à medida que eles se iam acumulando. Não gostei. Não gostei.

 Se esperava muito da história, ainda mais esperava de Lara Jean. Sabia que, à primeira vista, ela seria a típica protagonista inocente que nunca teve muitos namorados, com hábitos infantis, que adora cor-de-rosa e acredita nos finais felizes para sempre, no entanto, julgava que encontraria nela uma personagem madura, criativa, divertida e inteligente e com um lado fofinho e adorável. Afinal, foram essas qualidades, que eu esperava encontrar, que me fizeram ler este livro. Talvez por causa do estilo de escrita de Jenny Han - muito provavelmente por causa do estilo de escrita de Jenny Han - é que a minha relação com ela não teve assim tantos altos e baixos. Havia alturas em que a adorava, outras em que me irritava e ainda umas em que ela me fazia abanar a cabeça em tom de reprovação, não obstante, nunca cheguei realmente a irritar-me ou aborrecer-me, nunca cheguei realmente a sentir essa negatividade com muita intensidade. Esse é o poder da escrita da autora: suaviza as sensações menos positivas, os momentos mais deprimentes, não dá intensidade aos momentos. Não posso negar que esperava uma leitura leve, mas mesmo esse tipos de livros têm alturas de maior impacto.

 As personagens não são muito desenvolvidas, e esperava bastante delas - algumas das suas ações também foram alvo da minha reprovação e outras não consegui sequer compreendê-las, pois achei-as ridículas e sem sentido. Consegui gostar delas e ignorar algumas coisas. Com destaque para Kitty, a irmã mais nova de Lara Jean, a minha personagem favorita e aquela que tem efetivamente uma desculpa para as suas atitudes menos sensatas (o engraçado é que, assim sendo, já que a mesma tem somente 9 anos, foi a personagem cujo comportamento se revelou menos infantil do que o das outras personagens, no seu todo). O triângulo amoroso (ou melhor oS triânguloS amorosoS) é absolutamente dispensável! Desnecessário! Só não me irritou verdadeiramente por razões já mencionadas (novamente, a escrita da autora)- foi tolerável, contudo escusado. Se triângulos amorosos já pouca consideração recebem da parte dos leitores, na sua maioria, imaginem um DUPLO triângulo amoroso! Pondo de lado aquelas coisas menos boas, também gostei muito do Peter K. (e, já agora, adoro o nome Kavinsky), e, tendo-as agora em conta, esperava muito mais de Josh e Margot, sendo que não consegui compreender os sentimentos do primeiro e não esperava que a segunda possuísse os defeitos que revelou efetivamente ter ao longo das páginas. No final, nem todas as suas ações (e as do próprio Peter K., que também teve certas atitutes que não me agradaram assim tanto) foram justificadas e isso aborreceu-me imenso. Esperava imenso do romance. Faltou algo. Algo que me fizesse sentir que ele se encontrava a nascer, embora fosse óbvio que a autora tinha intenções de que as duas personagens em questão se apaixonassem uma pela outra.  Mas... as declarações. O momento que me uma se apercebe de que está apaixonada pela outra. Tudo tão sem sabor! E eu continuo a insistir: Porquê, Miss Han, se acredito que poderia ter feito um trabalho fenomenal! Acredito nisso! Mas não o fez. Toda a emoção que senti remeteu para o surgimentos de uma grande amizade, e não para o início de um romance improvável. Talvez aqueles dois tivessem ficado melhor somente como bons amigos, agora que penso nisso.

 Cheguemos então ao principal objetivo desta opinião, que é afirmar se realmente gostei ou não da obra. Gostei. Sim, sei as coisas que acabei de escrever. Sim, sei as críticas negativas que teci a este livro. Contudo, se por um lado é realmente difícil fazer-me adorar verdadeiramente um livro, é igualmente desafiante não ignorar os seus defeitos e não procurar extrair as suas características mais positivas e foi isso mesmo que aconteceu com A Todos os Rapazes que Amei. Apesar de todas as desilusões, fui capaz de apreciar a obra, de desfrutar a leitura, de me entreter. Fui capaz de me divertir com aquela família adorável (algo que é, muito provavelmente, culpa da Kitty - miúda mais decidida e com uma vontade mais forte não há!). Como os Covey são bastante unidos - e bastante diferentes da família com que estou habituada a viver, pelas suas tradições e hábitos relacionados com o lado coreano - diverti-me bastante com eles. Porém, não sei se eles são motivo suficiente para adquirir o segundo livro (com publicação prevista para fins de maio, com o título P.S. I Still Love You ) - a sinopse do mesmo despertou-me bastantes desconfianças, pois já não me sinto tão iludida como quando inicei esta obra. Inclusive, acho que estou um pouco arrependida de a ter comprado. O que a salva são a capa bastante bonita e o facto de não ter o hábito de me desfazer dos meus livros. Sei que a TopSeller vai publicar o segundo livro, mas, apesar de ter intenções de o ler, não estou lá muito entusiasmada e, a não ser que alguém esteja disposto a emprestar-mo, provavelmente não o lerei. Julgo, inclusive, que esta história se podia ter concluído num livro, que não era necessário ser o primeiro de uma Duologia. Mais páginas - muitas mais -, algumas mudanças, sobretudo no final e ficaríamos por aqui.

 Resumindo: esta foi uma história para a qual parti cheia de expectativas, mas que me desapontou e em relação à qual não guardo muitos rancores. Se há coisas que obras deste género me ensinam é que nunca devemos paritr para a leitura de uma obra com expectativas demasiado elevadas (embora já dê para perceber que isso é inevitável). Gostava, sobretudo, de poder discutir esta obra com outras pessoas, tanto de opiniões positivas como de opiniões negativas. Quero imenso falar sobre ela (sim, parece que esta opinião não chegou :P ).




2 comentários:

  1. É um dos livros que quero ver se leio brevemente.. está-me a despertar muita curiosidade.. :D
    Beijinhos*

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    1. Muitas expectativas, grande desilusão! Mas agrada à grande maioria e penso que esse será o teu caso.
      Beijinhos!

      *Mistery

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